segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Desabafo relâmpago

Quando se é criança pensamos que ao crescer tomaremos conta de nossas vidas facilmente e que nossos problemas serão resolvidos com um piscar de olhos...Ah, a inocência! (suspiro)
Tão inacreditável o quanto é difícil tomar escolhas... 
Sabemos exatamente como queremos viver, como deveríamos começar a nos portar mas, essa vontade inevitável de agradar a todos nos impede, entende? É a vontade de ser reta, direita e certa. É a necessidade do sorriso alheio, da aprovação do desconhecido e da curtida que por vezes não vemos. 
Porque será que é tão difícil  simplesmente viver? Deixar que aconteça e enfrentar um leão por vez. Afinal, é a nossa felicidade, não é?
É muito tititi. Muito dedo na cara. Muito "mas está errado". 
O que é o errado se não o que NÓS valoramos como tal?!



Simplesmente um pequeno desabafo sem nexo,

Julia

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Não sei quantas almas tenho




















Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que eu sou e vejo.

Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.


Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu"?
Deus sabe, porque o escreveu.
Não sei quantas almas tenho, Fernando Pessoa
Débora