E o amanhã?
A gente sufoca,
mantém em secreto,
retoca.
Diz que o espelho desfoca
e que a carência que brota
é mania de querer o que não dá pra alcançar.
Nossa mania de amar estrelas,
querer nadar com baleias,
olhar pra lua e se beijar no meio da rua,
virou ditado popular
que a gente quer esquecer
e ao mesmo tempo lembrar.
O charmoso Montéquio que
sem ao menos perceber
deixou uma frágil Capuleto transparecer
um amor único, profundo,
raro de se ver.
Desculpe se me debrucei na varanda em hora errada,
se me perdi no fuso-horário
ou na madrugada,
se me senti sozinha sendo que,
logo ali estava você
e eu estava finalmente acompanhada.
Quero olhar em teus olhos, Romeu lindo
saber que mesmo sorrindo
não sou causa do seu riso.
Quero tocar em teu sedoso cabelo,
com todo o devido zelo,
que venho guardando secretamente em meu peito,
da saudade que vem crescendo tua,
tão somente tua.
Quero te entregar a lua
para que se lembre de mim.
E me sentirei infinita em tuas lembranças,
assim como tu és nas minhas.
Guarda meu amor em teu bolso e,
quando houver algum desgosto,
lembre-se que há alguém aqui,
a te amar e a te ver partir.
Só por hoje,
Julieta
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